Os Rituais de passagem são celebrações que marcam mudanças, formas de criar e empoderar novos lugares de reflexão, de comunicação e de ação que, no meu caso, acontece através da minha arte, que é a minha música.
Assim nasce este novo álbum, em consequência de um processo de reflexão profundo, como se de uma travessia de tratasse, na qual o meio é a matéria, como forma de resgatar a essência da minha identidade ao longo destas duas décadas de carreira, enquanto artista e ser humano. Revisitar o passado, reformular o presente, e dar-lhe voz, palavra e ritmo através de uma nova proposta artística, tem sido o propósito da minha missão neste desbravar de novos caminhos, com o intuito de convocar elevação, celebração, espiritualidade, ancestralidade, raízes, história, cultura, legado, entre outros valores e conceitos que nele se encerram.
Construir uma “Narrativa” que reflita esse processo de devir - não fosse este o título da música de abertura do álbum -, anunciando o prelúdio desta passagem/travessia, e desafiando-me a explorar novas dimensões da minha essência artística, com olhos postos no futuro, mas em sintonia com as raízes que coreografam o legado “Jimmy P” destes últimos 20 anos (nunca usar a palavra ruptura), mas numa outra perspetiva e reflexo, como se este diálogo em espelho com o meu alter ego despertasse um “Jimmy” que aguardava este encontro, honrando e celebrando a minha essência resgatada.
É esta a Raiz deste novo álbum, o meu 5º álbum de originais, no qual se encerra a simbologia do número 5 e tudo o que enaltece na dimensão humana e espiritual, incluindo os cinco valores que nos erguem, como são a justiça, o amor, a sabedoria, a verdade e a bondade. O cinco que também simboliza a união, o centro e o equilíbrio, pelo facto de ser a soma do elemento masculino céu, representado pelo número três, e o elemento feminino terra, representado pelo número dois (nas entrevistas mencionar as Mulheres como elementos centrais ao longo da vida – mãe, avós, tias..). O mesmo número cinco que liga o Homem ao Universo, da ordem e da perfeição, dos cinco sentidos (mencionar que não te importa a perfeição, mas sim o processo interior de te aproximares da tua essência, humana e artística). O cinco que também conjuga liberdade com disciplina, características que têm sido a minha bússola nesta caminhada, e o amuleto que tem servido de proteção (mencionar em entrevista a alusão do talismã à letra de “Narrativa”, quando digo que “esta é voz que faz demónios bater em retirada”)
É esta a sintonia que procuro expressar com este projeto que, na verdade, vai muito além de um álbum, ao nível artístico, musical, interior, espiritual, e até profissional. Trata-se de uma síntese, uma catarse, uma libertação, uma celebração como um todo, um conceito, uma forma de expressão artística e uma linguagem que não passa apenas pela música, mas sim como uma experiência maior e superior, que se manifesta através dos vários elementos que lhe dão voz e forma: o conceito, as letras, as sonoridades, a identidade visual, a relação com a natureza, a celebração da cultura e dos rituais, o coro como voz de empoderamento da comunidade e coletividade nesta caminhada de elevação conjunta, culminando com o palco como altar deste espaço de expressão.
Este álbum é Espiritual, Positivo, de Elevação, de Celebração, de Recomeço, com fortes influências de Gospel, de Angola, de África, de Ancestralidade, que me permita vibrar e conectar-me com o público numa frequência mais íntima, cúmplice e espiritual. É, tudo isto, uma proposta artística nova e diferente de tudo o que fiz até agora na minha carreira, celebrando esse legado que me fez ser o Jimmy que (re)conhecem, mas com outra profundidade e elevação, que aqui se entrega e revela numa outra dimensão.
Assim nasce este projeto, como ritual de passagem e de celebração, elevação e expressão da essência JIMMY, Humana e Artística.